A Montanha do Amor
O amor quase sempre começa com uma paixão.
Vem como uma tempestade em alto mar, que interrompe a calmaria de uma vida que parecia segura e tranqüila. Sem pedir licença, as ondas desse mar invadem o convés e lançam para fora do navio o tédio e a desmotivação.
Passada a tempestade, o viajante desse barco percebe que foi levado a uma ilha. É terra firme, onde poderá plantar a semente da sua vida e de suas realizações.
A ilha é um cenário paradisíaco, onde tudo é perfeito. Parece que o lugar foi feito sob medida para esse navegante.
Paisagens mágicas, águas cristalinas, pássaros de cores nunca vistas e cantos maravilhosos.Então, ele começa a explorá-la e nota que nem tudo se encaixa em seu sonho tropical. As árvores dessa ilha não davam exatamente os frutos que desejava, e isso o decepciona. A água doce não é tão abundante quanto ele pensava. Todas as suas esperanças estão naquela ilha. Se ela não o alimentar, não suprir as suas necessidades, o que será de sua vida? Essa ilha é como a pessoa amada. Em quem se deposita todos os desejos, carências e também as ilusões: “Com ela, vou fazer o que sempre quis”. “Eu nunca mais vou me sentir só”.
E quando o outro não faz o que se espera, vem a desilusão. É que a pessoa teve a esperança de que alguém fizesse o que era sua tarefa: realizar-se como ser amoroso.
Centrou o poder da sua vida no parceiro.
Imagina que ele vá satisfazer suas carências e dar-lhe toda a felicidade imaginada.
Certamente, você se lembra de um momento no seu relacionamento em que ambos se sentiam totalmente felizes.
Cada olhar era uma viagem ao infinito, cada conversa uma lição de compreensão e tranqüilidade, cada abraço era o carinho mais eterno. Aos poucos, porém, as coisas foram mudando. Até que um certo dia você se sente só, como se tivesse sido enganado. O que aconteceu?Pode parecer incrível, mas a verdade é que o amor é mais pleno quando as pessoas envolvidas não precisam do outro para se sentir realizadas.
O amor transcorre mais serenamente entre aqueles que se sentem inteiros, desprendidos e, então, podem se entregar.Quando você precisa do companheiro, reduz o ser amado a um simples prestador de serviços. Precisa dele, assim como de um encanador para instalar uma torneira em sua casa, pois você não sabe como fazê-lo.
Não significa que você ame o encanador.
Apenas necessita dele para ter água em sua cozinha.
Ele faz o serviço, você paga e pronto! No amor, quando isto acontece, o pagamento não é cobrado em dinheiro. O outro imagina que deve ser pago com o que ele próprio precisa. Se não o fizer, você assume uma dívida, cobrada depois com juros e correção monetária. Tão enganoso quanto o precisar é o querer. “Quero que ele me leve para viajar”.
“Quero que ela me compreenda”. Note que o querer é sempre um plano, não uma determinação. O pior é que, quando se investe energia em querer que o outro faça alguma coisa, automaticamente se investe energia no medo de não conseguir. “Quero que ele me leve para viajar, mas tenho medo de que não o faça”.
“Quero que ela me compreenda, mas tenho medo de que não consiga”.
Quanto mais desejo, mais medo.O problema não é só querer mudar o outro, em vez de criar uma opção que não dependa dele.
O maior problema é que se instala uma tensão em você, no outro e na relação, gerada pela luta entre querer e temer. É uma mensagem confusa. Ele sente, ao mesmo tempo, o seu amor, desejo, medo e tensão. Isso tudo atrapalha a tranqüilidade de se sentir feliz por estar junto, a segurança na sua capacidade de amar e a confiança de que vocês descobrirão o que é melhor para os dois.Essa confiança está baseada em duas virtudes: a capacidade de estar em intimidade e a de manter a autonomia.Intimidade não é só o que acontece quando dois corpos fazem amor, mas algo infinitamente maior. É compartilhar sentimentos e pensamentos: almas nuas se encontrando sem disfarces. É saber expressar o que está acontecendo dentro de si, receber o outro e, juntos, encontrarem espaço para os dois seres.
A maior parte das pessoas teme a intimidade por considerar muito negativo o que guardam dentro de si. Elas imaginam que só têm inveja, sentimentos de inferioridade, desejos inconfessáveis. Então, se escondem. Falam dos seus atos e até de seus planos, mas não mostram seu interior, porque sabe que, quando alguém entrar, terá uma visão completa. Conhecerá o interior e entenderá o exterior.Do livro "Sem medo de Vencer", Editora Gente.www.shinyashiki.com.br
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