Drauzio Varella conta o que a paixão faz com nosso corpo
Entenda o que acontece quando estamos apaixonados.
Quem já não sentiu aquele friozinho na barriga, o coração batendo mais forte ou viveu um grande amor? Pensando nisso, a nossa Viagem Fantástica segue o caminho dos namorados neste domingo. Vamos entender tudo o que acontece no nosso corpo quando nós nos apaixonamos. Quem conta a história é o doutor Drauzio Varella.
Nesta viagem pelo corpo humano, começamos no útero de nossas mães, demos os primeiros passos, atingimos a puberdade, a adolescência e nos tornamos adultos.
Estamos ao redor dos 30 anos. É hora de ter filhos. Podemos pensar que a atração sexual seja um fenômeno físico ou social, mas boa parte dela depende da biologia. Usamos os olhos para escolher nossos parceiros, mas o olhar não é tudo. A atração depende do olfato.
Podemos encontrar o amor em qualquer lugar, até no trabalho. De repente, alguém nos parece muito mais interessante do que os outros. Os românticos dizem que estar apaixonado é um capricho do coração. Mas, na verdade, o segredo da paixão se acha guardado no interior, lá no fundo de nosso nariz.
No nariz, os nervos olfativos fazem mais do que reconhecer os cheiros dos ambientes. Sem percebermos, eles também detectam e analisam as características de uma substância química liberada junto com o suor das pessoas que nos cercam: os ferormônios.
Por incrível que pareça, os ferormônios carregam informações detalhadas sobre nossa genética, saúde e capacidade de resistir a doenças.
Na hora da paquera, o cérebro analisa esses sinais para nos ajudar a escolher a pessoa com os melhores genes, que aumentem as chances de sobrevivência dos filhos que estarão por vir.
Apaixonar-se é muito mais do que viver emoções intensas. A paixão é química. Quando avistamos a pessoa querida, liberamos adrenalina na circulação. Por trás de um olhar apaixonado, está sempre uma descarga de adrenalina. O coração bate descompassado. Perdemos o sono.
Na medida em que o namoro avança e nos arrebata, entra em cena a dopamina, um neurotransmissor que nos traz sensação de bem estar. A dopamina é tão potente quanto a cocaína. Ela nos leva à euforia e causa dependência. Queremos ficar cada vez mais perto da pessoa amada.
Ocasionalmente, depois de um tempo juntos, pensamos em atingir os estágios mais profundos da relação amorosa: compromisso, casamento e, quem sabe, filhos. Apostamos em um relacionamento para durar a vida inteira. E, quem diria: até nossas futuras bodas de ouro dependerão de substâncias químicas.
O relacionamento íntimo e duradouro só existirá se a química for favorável. Sexo não é apenas uma fonte de prazer ou um meio de ter filhos. Sexo causa encantamento e reforça a ligação entre os amantes.
Durante o orgasmo, nossas hipófises inundam a circulação com ocitocina: o hormônio que estreita laços afetivos. É o mesmo hormônio que liga o bebê à mãe. Quanto mais sexo, mais ocitocina, mais ligados à outra pessoa nos sentimos.
Alguns antropólogos acreditam que a ocitocina é a grande responsável por manter pais e mães unidos, enquanto criam os filhos. União importante para garantir a sobrevivência das crianças. Sem ela, talvez a espécie humana não teria chegado aos dias atuais.
Nossa Viagem Fantástica chega a um dos momentos mais incríveis de nossas vidas: a hora de ter filhos.
O óvulo é a maior célula do corpo humano. Todo mês, a jornada se repete: ele amadurece e é expulso do ovário. Normalmente, o óvulo morre e é eliminado do corpo durante a menstruação. Mas este terá outro destino: dar origem a um bebê.
O espermatozóide é a menor célula do corpo humano. Ao todo, 300 milhões de espermatozóides invadem a vagina durante a ejaculação. Não é fácil a tarefa dos invasores. Eles precisam sobreviver às condições hostis da vagina, porque as secreções vaginais são ácidas para prevenir infecções por bactérias. Essa acidez é capaz de destruir milhões de espermatozóides.
Muitos morrem antes mesmo de chegar ao colo do útero. Os que conseguem sobreviver nadam útero adentro para chegar ao óvulo que desce pela trompa. Contrações musculares muito delicadas, no interior das trompas, ajudam os espermatozóides a percorrer o caminho.
Dos 300 milhões, somente algumas centenas chegarão perto do alvo final. E, apenas um fertilizará o óvulo. É a seleção natural em sua essência. A sobrevivência do espermatozóide mais forte, mais apto, do que carrega o melhor DNA para transmiti-lo aos descendentes.
Por fora, o corpo feminino não dá nenhum sinal do que acaba de acontecer. Sem sabermos, um novo capítulo de nossas vidas está sendo escrito. Nas próximas 40 semanas, uma única célula vai se transformar em um bebê.
Para muitas mulheres, o primeiro sinal de gravidez acontece no banheiro. Ninguém sabe porque surgem as náuseas. Uma hipótese é a de que protegeria o embrião de toxinas presentes nos alimentos ingeridos pela mãe. Essas toxinas podem ser inimigas em uma fase crítica do desenvolvimento embrionário.
Outros dizem que o enjôo seria um efeito colateral do sistema imunológico da mãe, que tenta combater o corpo estranho que cresce em seu útero. O embrião pode ser comparado a um parasita: ele suga a energia da mãe, enquanto retira do corpo dela tudo o que precisa.
Ele está aparelhado com um "kit" de sobrevivência: a placenta. Na placenta, o sangue da mãe passa os nutrientes para o feto através de uma membrana. Graças a essa nutrição constante, o bebê cresce mais de 850 gramas em dez semanas. O útero aumenta mais de mil vezes o tamanho original para dar conta do desafio de abrigar o feto.
A barriga cresce. O corpo materno precisa se reorganizar internamente para acomodar o bebê, que, cada vez, ocupa mais espaço.
Quando a mulher não está grávida, todos os órgãos estão bem dispostos. Agora, a diferença de uma que está grávida: os órgãos ficam apertados nas costas ou pressionados contra o tórax. Não é uma simples questão de espaço. Além de estar comprimidos, eles precisam trabalhar em dobro.
Os pulmões e o coração são exigidos como nunca. Para abrir mais espaço, os músculos e os ligamentos da coluna ficam relaxados e se curvam. O estômago é praticamente esmagado e sofre uma rotação de 45 graus. Por isso, a mãe só consegue ingerir pequenas quantidades de alimentos sólidos e de líquidos, embora o bebê exija cada vez mais nutrientes.
Finalmente, depois de nove meses, chegou a hora. Expulsar do corpo da mãe um bebê de quase três quilos é uma tarefa complicada. Os ligamentos se tornam mais elásticos para permitir que a bacia se abra para formar o canal de parto. Mesmo assim, a passagem fica bem apertada.
O bebê deve percorrer um caminho estreito na hora do nascimento. Ele ainda tem que girar o corpo para conseguir passar pelos ossos da bacia da mãe. Às vezes, esse caminho é estreito demais e a única opção para um parto seguro é a cesariana.
Há 30 anos, éramos bebês. Hoje, somos pais e mães. Criar filhos exige grande esforço, físico e emocional. A partir de agora, nossa vida vai mudar para sempre. A juventude ficou para trás. Os anos passam e nosso corpo está para entrar em uma nova fase de mudanças.
No próximo domingo, a nossa Viagem Fantástica continua. Enquanto os filhos crescem, nós também nos transformamos.
Nesta viagem pelo corpo humano, começamos no útero de nossas mães, demos os primeiros passos, atingimos a puberdade, a adolescência e nos tornamos adultos.
Estamos ao redor dos 30 anos. É hora de ter filhos. Podemos pensar que a atração sexual seja um fenômeno físico ou social, mas boa parte dela depende da biologia. Usamos os olhos para escolher nossos parceiros, mas o olhar não é tudo. A atração depende do olfato.
Podemos encontrar o amor em qualquer lugar, até no trabalho. De repente, alguém nos parece muito mais interessante do que os outros. Os românticos dizem que estar apaixonado é um capricho do coração. Mas, na verdade, o segredo da paixão se acha guardado no interior, lá no fundo de nosso nariz.
No nariz, os nervos olfativos fazem mais do que reconhecer os cheiros dos ambientes. Sem percebermos, eles também detectam e analisam as características de uma substância química liberada junto com o suor das pessoas que nos cercam: os ferormônios.
Por incrível que pareça, os ferormônios carregam informações detalhadas sobre nossa genética, saúde e capacidade de resistir a doenças.
Na hora da paquera, o cérebro analisa esses sinais para nos ajudar a escolher a pessoa com os melhores genes, que aumentem as chances de sobrevivência dos filhos que estarão por vir.
Apaixonar-se é muito mais do que viver emoções intensas. A paixão é química. Quando avistamos a pessoa querida, liberamos adrenalina na circulação. Por trás de um olhar apaixonado, está sempre uma descarga de adrenalina. O coração bate descompassado. Perdemos o sono.
Na medida em que o namoro avança e nos arrebata, entra em cena a dopamina, um neurotransmissor que nos traz sensação de bem estar. A dopamina é tão potente quanto a cocaína. Ela nos leva à euforia e causa dependência. Queremos ficar cada vez mais perto da pessoa amada.
Ocasionalmente, depois de um tempo juntos, pensamos em atingir os estágios mais profundos da relação amorosa: compromisso, casamento e, quem sabe, filhos. Apostamos em um relacionamento para durar a vida inteira. E, quem diria: até nossas futuras bodas de ouro dependerão de substâncias químicas.
O relacionamento íntimo e duradouro só existirá se a química for favorável. Sexo não é apenas uma fonte de prazer ou um meio de ter filhos. Sexo causa encantamento e reforça a ligação entre os amantes.
Durante o orgasmo, nossas hipófises inundam a circulação com ocitocina: o hormônio que estreita laços afetivos. É o mesmo hormônio que liga o bebê à mãe. Quanto mais sexo, mais ocitocina, mais ligados à outra pessoa nos sentimos.
Alguns antropólogos acreditam que a ocitocina é a grande responsável por manter pais e mães unidos, enquanto criam os filhos. União importante para garantir a sobrevivência das crianças. Sem ela, talvez a espécie humana não teria chegado aos dias atuais.
Nossa Viagem Fantástica chega a um dos momentos mais incríveis de nossas vidas: a hora de ter filhos.
O óvulo é a maior célula do corpo humano. Todo mês, a jornada se repete: ele amadurece e é expulso do ovário. Normalmente, o óvulo morre e é eliminado do corpo durante a menstruação. Mas este terá outro destino: dar origem a um bebê.
O espermatozóide é a menor célula do corpo humano. Ao todo, 300 milhões de espermatozóides invadem a vagina durante a ejaculação. Não é fácil a tarefa dos invasores. Eles precisam sobreviver às condições hostis da vagina, porque as secreções vaginais são ácidas para prevenir infecções por bactérias. Essa acidez é capaz de destruir milhões de espermatozóides.
Muitos morrem antes mesmo de chegar ao colo do útero. Os que conseguem sobreviver nadam útero adentro para chegar ao óvulo que desce pela trompa. Contrações musculares muito delicadas, no interior das trompas, ajudam os espermatozóides a percorrer o caminho.
Dos 300 milhões, somente algumas centenas chegarão perto do alvo final. E, apenas um fertilizará o óvulo. É a seleção natural em sua essência. A sobrevivência do espermatozóide mais forte, mais apto, do que carrega o melhor DNA para transmiti-lo aos descendentes.
Por fora, o corpo feminino não dá nenhum sinal do que acaba de acontecer. Sem sabermos, um novo capítulo de nossas vidas está sendo escrito. Nas próximas 40 semanas, uma única célula vai se transformar em um bebê.
Para muitas mulheres, o primeiro sinal de gravidez acontece no banheiro. Ninguém sabe porque surgem as náuseas. Uma hipótese é a de que protegeria o embrião de toxinas presentes nos alimentos ingeridos pela mãe. Essas toxinas podem ser inimigas em uma fase crítica do desenvolvimento embrionário.
Outros dizem que o enjôo seria um efeito colateral do sistema imunológico da mãe, que tenta combater o corpo estranho que cresce em seu útero. O embrião pode ser comparado a um parasita: ele suga a energia da mãe, enquanto retira do corpo dela tudo o que precisa.
Ele está aparelhado com um "kit" de sobrevivência: a placenta. Na placenta, o sangue da mãe passa os nutrientes para o feto através de uma membrana. Graças a essa nutrição constante, o bebê cresce mais de 850 gramas em dez semanas. O útero aumenta mais de mil vezes o tamanho original para dar conta do desafio de abrigar o feto.
A barriga cresce. O corpo materno precisa se reorganizar internamente para acomodar o bebê, que, cada vez, ocupa mais espaço.
Quando a mulher não está grávida, todos os órgãos estão bem dispostos. Agora, a diferença de uma que está grávida: os órgãos ficam apertados nas costas ou pressionados contra o tórax. Não é uma simples questão de espaço. Além de estar comprimidos, eles precisam trabalhar em dobro.
Os pulmões e o coração são exigidos como nunca. Para abrir mais espaço, os músculos e os ligamentos da coluna ficam relaxados e se curvam. O estômago é praticamente esmagado e sofre uma rotação de 45 graus. Por isso, a mãe só consegue ingerir pequenas quantidades de alimentos sólidos e de líquidos, embora o bebê exija cada vez mais nutrientes.
Finalmente, depois de nove meses, chegou a hora. Expulsar do corpo da mãe um bebê de quase três quilos é uma tarefa complicada. Os ligamentos se tornam mais elásticos para permitir que a bacia se abra para formar o canal de parto. Mesmo assim, a passagem fica bem apertada.
O bebê deve percorrer um caminho estreito na hora do nascimento. Ele ainda tem que girar o corpo para conseguir passar pelos ossos da bacia da mãe. Às vezes, esse caminho é estreito demais e a única opção para um parto seguro é a cesariana.
Há 30 anos, éramos bebês. Hoje, somos pais e mães. Criar filhos exige grande esforço, físico e emocional. A partir de agora, nossa vida vai mudar para sempre. A juventude ficou para trás. Os anos passam e nosso corpo está para entrar em uma nova fase de mudanças.
No próximo domingo, a nossa Viagem Fantástica continua. Enquanto os filhos crescem, nós também nos transformamos.
andreia caetano piumhi/mg
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