quinta-feira, 30 de julho de 2009

fobias

O que são fobias




O medo sempre desempenhou um papel fundamental na adaptação e na sobrevivência da espécie humana. Se não sentíssemos medo, provavelmente a nossa existência já teria sido posta em causa há muito tempo e a nossa espécie desaparecido. É o medo que nos faz proteger e fugir do perigo ou de situações potencialmente perigosas para a nossa existência ou bem estar. É "normal" sentirmos um medo relativo...

Todavia medo não é sinónimo de fobia, pois o medo é adaptativo face ao perigo. O que caracteriza a fobia, e tendo em consideração a perspectiva da Associação Americana de Psiquiatria, é um medo excessivo, irracional, que não desaparece mas que persiste com o tempo, em relação a um objecto ou a uma situação fóbica (ou mesmo apenas pela sua antecipação, por exemplo, pensar que vai ter que voar de avião ou ter de entrar num elevador). Quando o fóbico está exposto à situação ou ao objecto temido, dá-se imediatamente uma resposta de ansiedade (por exemplo, pensamentos catastróficos, coração a bater acelaradamente, tremer, apertos no peito, tremer, etc). Como estes sintomas de ansiedade são muito desagradáveis e provocam sofrimento, o fóbico tende a evitar ou a fugir das situações ou objectos que teme. A fobia pode provocar sofrimento ou ansiedade até um ponto em que pode interferir , de modo importante, na vida do indivíduo (afectar a vida profissional, pessoal). Ou seja, o medo sentido em relação ao objecto ou situação temida não é proporcional com o perigo ou ameaça real dessa situação.

Há muito tipos diferentes de fobias e os seus diferentes subtipos têm características muito diferenciadas. As fobias são um transtorno bastante frequente na população geral, estimando-se que tenha uma prevalência entre 4,5 a 11,8% (Piccoloto, Pergher, Wainer, 2004). Todavia, só um pequeno número de pessoas procura ajuda psicológica, pois muitos dos fóbicos aprendem a "conviver" ou a "suportar" a (s) sua (s) fobia (s), desenvolvendo formas de evitar o objecto ou situação que temem. Mas esta evitação não resolve o problema e para além disso, implica um sofrimento elevado para a pessoa.

Frequentemente as pessoas que sofrem de fobias podem ser alvo de troça de pessoas à sua volta (amigos, familiares, etc): as pessoas sabem que o medo em questão não tem uma base racional (incluindo o fóbico), mas as dificuldades para superar esse medo são demasiado elevadas para o conseguir sozinho.



Origem das Fobias



Tem sido adiantadas diversas explicações para o aparecimento de fobias. O condicionamento clássico pode ser descrito da seguinte forma: se associar um estímulo incondicionado a um estímulo neutro, este pode adquirir propriedades do primeiro, transformando-se num estímulo condicionado. Para exemplificar esta situação, podemos usar a situação descrita pela primeira vez por Ivan Pavlov:

- Se colocarmos comida (estímulo incondicionado) em frente a um cão, ele vai salivar (resposta incondicionada). Se tocarmos uma campainha (estímulo neutro), imediatamente antes da apresentação de comida (estímulo incondicionado), e se repetirmos este processo de associação, o cão passa a salivar com o tocar da campainha, mesmo sem a comida. Assim, apresentar a campainha (estímulo condicionado) provoca a salivação (resposta condicionada).

Outra explicação para as fobias são os processos de modelagem ou aprendizagem vicária. Isto refere-se à aprendizagem do indivíduo por meio da observação de modelos. Neste sentido, uma pessoa pode aprender padrões de resposta a certos estímulos, a partir da observação de outras pessoas reagindo a tais estímulos.

Outro factor que pode contribuir para as fobias é a transmissão de informações/ instruções (Rachman). Por exemplo, se forem transmitidas muitas informações negativas em relação a um objecto/ situação, ele pode ganhar propriedades aversivas.

Para Seligman (1971), as fobias podem resultar de uma combinação de aspectos biológicos e de aprendizagem.



Tratamento



Como vimos, a aprendizagem pode ter um papel importante no desenvolvimento das fobias. Da mesma forma, o medo pode ser desaprendido. Parte do tratamento tem a ver com um contacto repetido do fóbico com aquilo que teme, até que o medo seja desafiado e enfraquecido, acabando com o ciclo vicioso de reforço negativo que mantém os sintomas. Algumas das técnicas usadas são a dessensibilização sistemática, a modelação, a exposição imaginária, a restruturação cognitiva, o relaxamento aplicado, etc.

O tratamento farmacológico "não apresenta um benefício significativo e estável a longo prazo para o tratamento das fobias específicas" (Piccoloto, Pergher, Wainer, 2004), para além do risco de desenvolver dependência de psicofármacos.



Glossário de Fobias



Agorafobia - medo de espaços abertos e/ou com muitas pessoas, como centros comerciais, praças, jardins, lojas apinhadas, etc. A agorafobia leva ao comportamento de evitação, provocado por lugares ou situações onde seria difícil ou embaraçoso sair ou escapar, caso surja uma crise de pânico ou algum mal estar (metro, transportes públicos, multidões, auto- estrada, caves, etc).

Amaxofobia - medo de andar de carro/ conduzir

Astrapefobia -medo de relâmpagos

Atelofobia - medo da imperfeição.

Aviofobia - medo de viajar de avião.

Ciberfobia - medo dos computadores.

Cinofobia- medo de cães

Claustrofobia - medo de lugares fechados, como elevadores, túneis e ambientes pouco ventilados.

Climacofobia - medo de escadas.

Eritrofobia- medo de se ruborizar, corar, em frente a outras pessoas

Glossofobia -medo de falar em público.

Hipsiofobia ou altofobia - medo de altura.

Logofobia- medo das palavras (do que pode dizer-se)

Rupofobia - medo de sujidade, de ser contaminado ao tocar objetos ou pessoas.

Tanatofobia- medo patológico da morte

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