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O vinho é objeto de muitas controvérsias quanto a seus efeitos saudáveis – ou não. Pesquisas já falaram que ele faz bem para o coração, enquanto as pessoas são bombardeadas com propagandas que afirmam que as bebidas alcoólicas não fazem bem para a saúde.
Agora, um novo estudo mostra que o vinho tinto é uma poderosa fonte de compostos antidiabéticos, mas eles podem nem serem processados pelo seu corpo.
Pesquisadores austríacos testaram 10 vinhos tintos e dois brancos para descobrir como os vinhos se ligavam a uma proteína chamada PPAR-gama, um tipo de proteína conhecida como “receptor”. Entre outras coisas, ela regula a absorção de glicose nas células adiposas.
Essa proteína é visada pelo medicamento anti-diabético rosiglitazona. A droga é comercializada sob o nome de Avandia nos EUA, mas foi retirada do mercado na Europa devido a temores de efeitos colaterais. Rosiglitazona alveja a PPAR-gama nas células de gordura para torná-las mais sensíveis à insulina e melhorar a captação de glicose. O remédio é usado como um tratamento para a diabetes tipo 2, uma condição em que as pessoas ou não produzem insulina suficiente para manter seus níveis de glicose no corpo, ou se tornam resistentes aos níveis de insulina normais.
Vários estudos têm mostrado que o consumo moderado de vinho tinto pode reduzir o risco de diabetes tipo 2. Os pesquisadores resolveram então determinar a afinidade dos vinhos com a PPAR-gama e compararam os resultados com os efeitos da rosiglitazona.
Eles descobriram que os vinhos brancos tinham baixa afinidade de ligação, mas todos os tintos eram facilmente ligados a proteína: a tendência de 100 mililitros de vinho tinto (cerca de metade de um copo) se vincular com a PPAR-gama é até quatro vezes mais forte que a mesma tendência de uma dose diária de rosiglitazona.
Os pesquisadores ficaram surpresos com uma atividade tão alta. Eles continuaram pesquisando e identificaram os compostos responsáveis do vinho. O flavonóide epicatequina galato, que também está presente no chá verde, teve a maior afinidade de ligação, seguido pelo ácido elágico polifenól, que vem dos barris de carvalho onde o vinho é mantido. Os pesquisadores acreditam que algumas das atividade antidiabéticas do vinho tinto podem ser devido a estes compostos de ativação do PPAR-gama.
Os pesquisadores advertem que estes compostos não fazem do vinho tinto uma solução mágica. Tais substâncias do vinho podem ter outros efeitos antidiabéticos e, em qualquer caso, nem todos os compostos serão absorvidos ou ficarão disponíveis para o corpo usar. A maioria dos polifenóis não passa pelo trato digestivo inalteradamente, e não pode ser absorvida. Além disso, o vinho também contém etanol, que adiciona ao corpo calorias.
O próximo passo dos pesquisadores será medir os efeitos metabólicos dos compostos do vinho em pessoas saudáveis. Eles salientam que o consumo moderado é a chave para obter os benefícios na saúde do vinho. A obesidade é um dos principais problemas da sociedade americana, por isso limitar o consumo é essencial. Além disso, beber vinho demais pode ser ruim até para quem tem diabetes não apenas pelas razões óbvias, mas para o
nível de açúcar da bebida. [NewScientist]
andreia caetano
piumhi minas gerais /BRASIL