Por que as pessoas gostam tanto de se expor nas redes sociais?
Se dermos uma rápida olhada nas publicações das redes sociais, veremos que o paraíso é ali. Sejam em selfies (fotos tiradas de si mesmo) ou em publicações enfatizando uma vida alegre e feliz, é impossível não chegar à conclusão de que: ou a vida dos outros é bem melhor do que a nossa ou tudo aquilo não passa de fantasia.
Quem não gostaria de ser feliz como as pessoas são no facebook? É ali que estão as melhores viagens de férias, o prato mais delicioso, as melhores declarações de amor, os amigos ideais, a melhor mãe do mundo, o filho mais fofo e até o melhor cão. Como seria bom se tudo isso fosse real.
Mas infelizmente tudo aquilo pode ser apenas projeção. A maioria das pessoas está descontente com a própria realidade e incapaz de lutar por uma conquista real que às vezes parece estar muito distante, lança nas redes sociais uma imagem positiva de si mesma o que, na verdade, não passa de um projeto de como gostaria de ser vista pelos outros.
Nesse sentido as redes se tornam uma plataforma de autopromoção e fonte de inveja, um palco virtual onde as pessoas podem exibir a imagem idealizada de si mesmas, com a oportunidade de serem vistas em tempo real por milhares de seguidores.
O vício de usar as redes para autopromoção pode ser considerado como exibicionismo virtual já que o exibicionista, em geral, tem um impulso incontrolável de se mostrar em público em situações que ostenta algum tipo de poder, obtendo disso, uma grande satisfação. É claro que nem todos os que publicam fotos nas redes são exibicionistas, mas com certeza grande parte dos exibicionistas estão lá.
O reflexo que isso causa nos leitores desses perfis maravilhosos vai de admiração à inveja quando comparado com a sua própria realidade. Por outro lado, a intenção de quem se expõe, é exatamente esta: despertar algum sentimento em quem lê ou vê. Parece estar implícito no nosso subconsciente, um questionamento tentador: De que adianta ir a Paris se eu não puder mostrar isso aos outros?
“Nesse sentido as redes se tornam uma plataforma de autopromoção e fonte de inveja”
O Brasil, por ser um país com uma grande população de jovens e com os seus graves problemas sociais, sobretudo na área da educação, está mais vulnerável às consequências negativas dessas novas mídias. Um estudo conduzido recentemente pela Nielsen, empresa de estatística alemã, indicou que os brasileiros são os maiores usuários de redes sociais do mundo.
É uma pena que um meio de comunicação tão eficaz como as redes sociais que poderiam ser usadas para aproximar pessoas, construir novas amizades, formar laços afetivos, propagar ideias e ideais, enfim mudar a nossa história, se torne um instrumento subutilizado a serviço da satisfação narcísica e egoística que não constrói nada de positivo nem no plano individual nem no coletivo.
É hora de parar e rever nossos valores, construir novos ideais e ter mais responsabilidade na comunicação que queremos ter com nós mesmos e com o mundo em geral. Afinal o problema não está nos canais de comunicação e muito menos na tela do computador, dos tablets ou dos smartphones. O problema está em quem se coloca na frente deles. Portanto, vamos usá-los com inteligência e tirar deles, o bem que eles podem nos proporcionar.
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