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sábado, 20 de junho de 2009

METROSSEXUAL

SALÃO PARA METROSSEXUAL
Divulgação


Entrevista - Mark Simpson

Eu me amo,
eu me amo...

Ao contrário do que se acredita,
o termo "metrossexual" não designa só o homem heterossexual vaidoso.
E,
sim, o homem hipernarcisista, não importa sua orientação sexual

O que é um homem metrossexual? Você provavelmente responderá que é um sujeito heterossexual que se permite ser muito vaidoso. Em janeiro passado, a revista Playboy fez a mesma pergunta a seus leitores. E a maioria das respostas foi: "Um competente estrategista na arte de pegar mulher". Essa definição, no entanto, traz um erro conceitual. Metrossexual não é necessariamente heterossexual. Em entrevista a VEJA, o criador do termo, o escritor inglês Mark Simpson, de 38 anos, diz que, nesse caso, o que menos importa é a orientação sexual do homem. Metrossexual é simplesmente o homem vaidoso ao extremo. É o narcisista dos tempos modernos, que, graças às facilidades dos serviços existentes nas grandes cidades, pode dar-se ao luxo de se esmerar muito – além do habitual – nos cuidados com a aparência. O termo metrossexual surgiu em 1994, num artigo de Simpson para o jornal inglês The Independent. Em 2002, foi resgatado pela revista eletrônica Salon.

Veja – POR QUE O TERMO "METROSSEXUAL" FOI ASSOCIADO À HETEROSSEXUALIDADE?
Simpson –
O metrossexual pode ser gay, bissexual ou heterossexual, mas isso é absolutamente desimportante, já que ele tem a si mesmo como seu objeto de amor. Ele é o narcisista dos novos tempos. A idéia de que o metrossexual é sempre hétero e que seu cuidado com a aparência tem o objetivo de atrair as mulheres é uma invenção da publicidade. Claro que muitos metrossexuais dormem apenas com mulheres, mas não há nenhuma evidência de que eles sejam sempre héteros. Essa idéia só foi estabelecida porque gays vaidosos não são novidade. A identidade dos metrossexuais não se baseia na orientação sexual e, do ponto de vista cultural-comercial, é irrelevante.

Veja – MAS A METROSSEXUALIDADE ROMPE COM ALGUNS PADRÕES DE MASCULINIDADE.
Simpson – Sim. E isso é positivo. A metrossexualidade desfez-se de todos os códigos oficiais de masculinidade inculcados nos últimos 100 anos. O homem heterossexual está perdendo a vergonha de ser vaidoso, de cuidar da aparência.

Veja – O CULTO À PRÓPRIA IMAGEM E A EXACERBAÇÃO DO EGOCENTRISMO, NO ENTANTO, NÃO SÃO COMPORTAMENTOS SAUDÁVEIS.
Simpson –
Sem dúvida nenhuma, esse é o lado negativo da metrossexualidade. A masculinidade narcisista e egocêntrica tem origem numa característica típica de sociedades como a nossa: o hiperconsumismo. Os heróis dos metrossexuais são, em geral, homens famosos por seu visual e seu estilo – mais do que por suas conquistas políticas ou intelectuais.

Veja – POR QUE NÃO SE FALA EM MULHERES METROSSEXUAIS, JÁ QUE O EGOCENTRISMO E O NARCISISMO NÃO SÃO CARACTERÍSTICAS EXCLUSIVAS DOS HOMENS? A METROSSEXUALIDADE É APENAS MASCULINA?
Simpson – Não. E eu já falei sobre isso no meu artigo para a Salon, mas ninguém deu importância. O narcisismo feminino que se manifesta por meio do cuidado com a aparência não chama atenção. Essa é uma das razões pelas quais o termo metrossexual não foi aplicado às mulheres. Entretanto, há muitas que se encaixam nesse perfil. As mulheres no seriado Sex and the City são, em sua maioria, solteiras, vivem com estilo e escolheram a si mesmas como seu objeto de amor e desejo, embora aparentemente estejam à procura de um homem. Elas são metrossexuais. Eu arrisco dizer que a crescente auto-suficiência das mulheres tem estimulado o avanço da metrossexualidade masculina. Atualmente, muitos homens se vêem obrigados a cuidar de si próprios, pois já não contam com uma coadjuvante feminina sempre pronta para atender a suas necessidades. A metrossexualidade faz, finalmente, com que o homem seja menos dependente da mulher, da família, embora mais dependente das revistas de beleza.