quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Quem faz jejum vive por mais tempo, diz Nobel

Quem faz jejum vive por mais tempo, diz Nobel


Segundo Yoshinori Ohsumi, ganhador do Nobel de medicina, jejuar faz suas células "se comerem". Tal mecanismo é renovador


Jejum

Estudos mostram que práticas como o jejum ou a restrição calórica estressam as células e contribuem para a ativação do processo de autofagia nas células, o que estimula uma faxina interna no organismo e aumenta a longevidade. (iStockphoto/Getty Images)

Dietas que pregam o jejum são comuns para a perda de peso, mas, agora, estudos sugerem que a prática pode contribuir para o aumento da expectativa de vida. Pode parecer estranho, afinal,  todos sabem que uma alimentação equilibrada e rica em nutrientes é fundamental para uma boa saúde. No entanto, segundo Yoshinori Ohsumi, ganhador do Nobel de medicina deste ano, o jejum faz suas células se comerem – processo chamado de autofagia – e isso te renova. Agora, pesquisadores se debruçam sobre o assunto para traçar uma indicação de frequência do jejum benéfica e segura, de acordo com informações do Uol
A autofagia é um importante mecanismo de autolimpeza que existe em todas as células de nosso corpo. A redução da autofagia leva ao acúmulo de componentes danificados, o que está associado à morte das células e ao desenvolvimento de doenças. Por essa lógica, manter o mecanismo ativo seria uma forma de prevenir problemas.
“A autofagia não fica ativa o tempo todo. Mas a restrição de nutrientes é uma forma de burlar isso”, disse Luciana Gomes, pesquisadora do Laboratório de Reparo de DNA da USP, ao Uol.
Essa autolimpeza no organismo é ativada quando a célula está em situações de stress, como ao fumar um cigarro ou ficar algum tempo sem se alimentar. Nestes casos, a célula passa a “comer” partes internas para sobreviver, degradando tudo o que tem de ruim. Quanto mais o mecanismo funciona maior a faxina.
“O jejum induz a autofagia, isso é sabido. Também sabemos que a autofagia induz a longevidade. A busca agora é entender a conexão entre a autofagia ativada pelo jejum e a longevidade das células”, explicou Soraya Smaili, professora livre-docente da Escola Paulista de Medicina, ao Uol.

Jejum ou restrição calórica?

Outra forma de ativar a autofagia é a restrição do consumo de alimentos. Mas, para funcionar, a redução de calorias dever variar entre 20% e 60% e priorizar grupos como carboidratos e proteínas, de acordo com as pesquisas realizadas até o momento.
Contudo, se a privação de nutrientes for muito longa, os efeitos passam a ser negativos já que a célula poderia começar a degradar componentes bons. O ideal seria conseguir estimular a faxina interna no tempo suficiente para garantir benefícios sm causar prejuízos.
Segundo Soraya, há estudos feitos em humanos que mostram que o jejum, se bem conduzido e monitorado, traz benefícios a longo prazo. “Não é um jejum prolongado. É de 12 e no máximo 24 horas. E pode ser específico, de alguns nutrientes, como carboidratos e proteínas”, afirma.
Entretanto, para garantir o aumento da expectativa de vida a longo prazo, o jejum precisaria ser feito de forma periódica e só seria ‘permitido’ em pessoas saudáveis. “Não adianta fazer um hoje e outro no ano que vem”, diz a farmacóloga da Unifesp.
Já a redução calórica precisaria ser permanente para produzir efeitos. Testes em animais mostraram que os melhores resultados da restrição calórica ocorreram entre os que foram mantidos nesse ‘regime’ desde o nascimento. Nesses casos. o aumento da expectativa de vida chegaria, a 30%.
“Como é difícil ter essa disciplina, surgiu a busca para confirmar se jejum intermitente conseguiria levar aos mesmos efeitos”, explica a biomédica da USP. No entanto, as pesquisas existentes ainda não possuem resultados que permitam traçar uma indicação ideal de frequência do jejum para garantir esses benefícios.
fonte : VEJA.COM

Nenhum comentário:

Postar um comentário