quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Andropausa e menopausa


Andropausa e menopausa

Por Dr. Tércio Ribas.

De repente a mulher se olha no espelho e diz: "Oh! vida, oh! Céus, oh! Azar! Chegou a menopausa. Eu não sou mais a mesma!" E ela passa a sentir algumas transformações no seu corpo que lhe são muito marcantes. É certo que 30% delas vão vencer esta situação sem nenhum sintoma.


Recentemente li, num artigo de revista médica, um trabalho que chegava à conclusão que se a mulher não se estressar e não curtir os problemas quando jovem, ela terá uma menopausa tranqüila e que os sintomas são diretamente proporcionais à ansiedade da paciente.

Quanto mais ansiosa pior será esta fase. Donde se conclui que um dos segredos é não se estressar. Hoje em dia, porém, tem uns "remédios milagrosos". São aqueles que fazem a terapia de reposição hormonal e que cessam os suores e conseguem devolver à mulher aquilo que elas perderam, como, por exemplo, a lubrificação vaginal que tinham quando se excitavam e eram garotinhas novas, ou a textura da pele que era normal e que agora está ressecada. É preciso haver uma consulta prévia ao ginecologista porque não são todas que podem fazer esta reposição. Existe até a alternativa de uma reposição natural sem as contra-indicações do hormônio.

Desde a vida intra-uterina, ainda não nascidas, as mulheres já têm um número definido de folículos nos dois ovários, que serão consumidos no decorrer de suas vidas. Estes milhões de folículos que existiam inicialmente irão sendo gastos e não haverá produção para substituí-los. Uma das formas de redução deste número, extremamente interessante, é a ovulação.

A partir da adolescência, a cada ciclo menstrual, alguns folículos de um ovário e alguns folículos do outro ovário começam um processo de amadurecimento para um deles ser o vencedor e se transformar no "óvulo do mês", que vai ter o potencial de gerar uma gestação. E quando ocorre a ovulação há uma regressão de todos os outros folículos envolvidos nesta briga mensal para ser o melhor. E literalmente estes folículos são perdidos.

No lugar de onde este óvulo saiu, forma-se um cisto (que nós chamamos de funcional ou corpo lúteo) e que tem uma função fantástica, a de preparar a camada interna da cavidade uterina para receber o possível óvulo fecundado pelo espermatozóide. Às vezes, quando não se alerta previamente como normal neste caso, isto causa um enorme susto na paciente, quando lê o laudo de sua ultra-sonografia revelando um cisto no ovário.

São os hormônios deste pequeno cisto que vão manter a gestação até que a placenta assuma esta função. Todo mês o organismo da mulher se prepara para uma gravidez e, quando ela não ocorre, esta camada interna do útero é eliminada sob forma de menstruação, iniciando tudo novamente.

Foi com bastante propriedade que Davi falou do modo maravilhoso que ele foi formado. Todo este mecanismo, tremendamente engenhoso que resumimos é muito interessante.

Até que chega num momento, lá pelos 50 anos, em que os folículos acabam e o principal produtor do hormônio estrogênio, o folículo do ovário, se esgota, iniciando a falência do órgão. O tecido restante do ovário, mesmo sem os folículos, e as glândulas supra-renais ainda produzirão estrogênio, porém numa proporção muito menor.

Com os homens, neste aspecto, Deus foi mais generoso. Como Ele deu à mulher várias vantagens sobre nós, como por exemplo, o orgasmo múltiplo no relacionamento sexual que nós não temos; a beleza externa muito mais comum a elas do que a nós de modo geral; o maior peso na escolha do parceiro (por mais que digamos que não, esta função, na realidade, acaba sendo delas), etc... deu a nós, homens, uma andropausa com muito menos sintomas que a menopausa.

As manifestações clínicas são bem mais leves e, às vezes, imperceptíveis. Não existe aquela parada de produção hormonal como ocorre nos ovários. Os testículos continuam a produzir os hormônios masculinos que vão diminuindo de forma bem devagar a partir dos 50 anos. Isto determina ao longo do tempo uma adaptação mais fácil. Calcula-se que aos 80 anos o homem ainda produza testosterona em 50% de sua capacidade máxima.

Com a diminuição do hormônio masculino, a tendência e o desejo sexual também diminuem. Há um maior cansaço de forma geral, mesmo porque existe uma perda muscular paralela. Em uma condição menor do que a das mulheres, pode haver osteoporose que leve à fraturas. Alterações do humor e até sensação de calor súbito são queixas relatadas.

Não é comum o tratamento do homem previamente, como alguns ginecologistas fazem com suas pacientes. Apenas quando as taxas hormonais estão comprovadamente baixas e causam sintomas, é que ocorre a terapia. Há um cuidado maior em se usar o tratamento com testosterona, devido a alguns efeitos colaterais. Por isto esta reposição hormonal requer a participação de um Urologista para o acompanhamento do caso e de forma nenhuma deve ser feita de qualquer maneira.
Sem a intenção de mexer com as meninas, mas já que estamos falando de bênçãos, Deus deu ao homem a capacidade de ter potência em seu pênis por muitos anos. Se não houver nenhuma doença que altere a circulação sanguínea ou a inervação do pênis, ele poderá manter ereção até numa idade bem avançada. Certamente a qualidade não será mais aquela de um garotão de 20 anos, porém permitirá o relacionamento.

Acontece que aos 50 anos o sujeito dá uma falhada homérica, vergonhosa. E, então, a mulher bate em seu ombro e diz: "É, velho, você não é mais aquele." Isto acaba com o homem. Todas estas questões sexuais são muito ligadas aos fatores psicológicos. Se você chegar para ele e disser: "Fica assim, não, amanhã a gente consegue." É o estímulo que este cara precisa e, com certeza, amanhã ele será fantástico.

Da mesma forma, quando a mulher chega na situação descrita no início deste artigo, é o momento de o homem lhe dar todo apoio e dizer que isto não tem nada a ver, ajudando-a nesta fase. Precisamos nos conscientizar que temos de procurar o ginecologista/urologista para termos o apoio e orientação médica necessários para que curtamos estes momentos da terceira idade que, pelas estatísticas, mesmo aqui no Brasil, tem aumentado progressivamente o seu tempo de duração.
Um fato interessante é que dentre as propriedades do estrogênio há uma ação específica contra doenças cardiovasculares. Você praticamente não vê uma mulher jovem ter infarto. Porém, após a menopausa, se não houver reposição deste hormônio, o risco para esta situação é praticamente igual ao do homem.
Alguns exames laboratoriais e complementares, como a mamografia, ultra-sonografia, densidometria óssea, deverão ser solicitados. Pode-se estar perdendo massa óssea até sem qualquer outro "sintoma da menopausa". Com certa paciência você poderá fazer este acompanhamento mesmo na rede pública de atendimento médico. A primeira consulta certamente demorará, mas acabará chegando a sua vez.

Se houver indicação de reposição hormonal, existem várias formas de administração, desde oral ou injetável ou aplicação na pele ou até spray nasal.
Medidas de caráter geral são, na maioria das vezes, recomendadas para os dois sexos, como uma boa caminhada para fortalecer os ossos e procurar manter a massa muscular que se vai perdendo. Isto também contribui para o cuidado com as doenças cardiovasculares. Exercícios musculares específicos podem ajudar muito na função sexual (que infelizmente, em nossa cultura, é uma atribuição quase que apenas dos mais jovens). De tanto divulgar estes exercícios nas palestras, já tive retorno de mulheres que só passaram a sentir prazer sexual após esta informação. Os músculos podem resolver até situações como a incontinência urinária que está presente em 30 a 40% das mulheres nesta época.

O controle da dieta, aumentando o número de alimentos que contêm cálcio é fundamental. Mais ou menos 25% das pessoas adultas não ingerem a proporção de cálcio de que necessitamos diariamente. Uma das principais fontes deste elemento é o leite e seus derivados. O que absolutamente não ajuda é a tendência de engordar nesta fase da vida, por isso temos que vigiar o peso.

Procurar conviver em grupos, melhorando a auto-estima e trocando experiências com outras (os), ao invés de ficar isolada (o) e mal-humorada(o), como por vezes
assistimos e "aturamos".

Tentar se informar, lendo alguma literatura a respeito, como vocês estão fazendo neste momento, facilita o entendimento da prevenção necessária, valorizada tanto por nós, médicos.

Finalizando, deixamos com vocês um pensamento: se temos de passar 20, 30, 40 anos de nossa vida convivendo com a menopausa/andropausa, precisamos nos preparar para esta fase "numa boa".

Tércio Ribas



andreia caetano piumhi/mg

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